quinta-feira, 18 de agosto de 2016

CARTA DE UM PAI DE ESTUDANTE AO GOVERNADOR E AO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA

CARTA DE UM PAI DE ESTUDANTE AO GOVERNADOR E AO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA

Sr. Rui Costa, governador do Estado da Bahia,
Sr. Walter Pinheiro, Secretário de Educação do Estado da Bahia

Escrevo-lhes na qualidade de pai de alunos de uma escola da rede estadual de educação na cidade de Vitoria da conquista. Tenho dois filhos estudando em uma escola pública do estado. A propósito, os seus estudam em escolas públicas? Bom, isso não vem ao caso, né?
A escola em que meus filhos estudam trata-se de um centro de educação profissionalizante. Uma escola técnica, pequena. Provavelmente vocês não á conhecem, pois não é uma daquelas escolas escolhidas pelo Governo do Estado como vitrine para fazer a propaganda da educação no estado.
Pois é. Esta escola é o Centro Estadual de Educação Profissionalizante em Saúde Adélia Teixeira e está ocupada pelos estudantes desde segunda-feira feira 08/08/2016. Sabem porquê? Porque ela não tem condições de continuar funcionando. Por razões elementares: Faltam professores para orientar estágio, já que os aprovados no REDA não foram nomeados pela Secretaria de Educação até agora; Falta de água. Em função do rodizio no abastecimento de água na cidade e devido à insuficiência de reservatórios, frequentemente a merenda escolar não pode ser preparada, as aulas são suspensas ou tem seu tempo reduzido pois não tem como uma escola funcionar sem água; Falta laboratórios. Onde já se viu uma escola que tem cursos técnicos de enfermagem, segurança do trabalho, análises clinicas, nutrição... funcionar sem laboratórios? Sinceramente, vocês conseguem imaginar tal escola?;
Outro problema seríssimo que ocorre nesta escola refere-se aos direitos trabalhistas dos funcionários terceirizados. Vocês acham justo um trabalhador empregar sua força de trabalho o mês inteiro e ao final não ter seus proventos pagos? Isso é um desrespeito não apenas aos direitos trabalhistas, mas aos direitos humanos, concordam? Mas isso também acontece nesta escola. Percebem como a lógica da precarização implantada no setor público em função da terceirização é perversa? Podem até dizer que a culpa é das empresas terceirizadas. Mas quem as contrata? Não há termos nestes contratos que exijam que estas empresas cumpram com a legislação trabalhista? Como se não bastasse ficarem sem receber seus salários, há relato de casos de funcionários que são ameaçados e coagidos a não pararem de trabalhar sob pena de serem demitidos por justa causa. Já imaginaram quanto transtorno na vida destas pessoas?
Esta semana muitos pais de famílias em Vitoria da Conquista foram privados da presença dos seus filhos em casa. Estes estudantes estão, não porque querem, tendo que dormir na escola, em condições inapropriadas, se alimentando com doações feitas por pessoas que se comovem e apoiam a sua luta. Vejo a atitude daqueles jovens como um grande ato de bravura. Pena que um estado que gasta milhões em propaganda tentando disseminar na população o amor pela escola pública, assume uma postura de desamor e descuidado com a mesma. Quem ama cuida. Logo, se o estado não cuida da escola pública é porque não a ama. E se não a ama, como pode querer que seus cidadãos a ame?
Portanto, Sr. Governador Rui Costa e Sr. Secretário de Educação, Walter Pinheiro, como cidadão deste estado e como pai de estudantes do Centro Estadual de Educação Profissionalizante em Saúde Adélia Teixeira, na cidade de Vitoria da Conquista, venho exigir respeito aos direitos dos estudantes, dos trabalhadores terceirizados desta unidade educacional. Respeitem também o direito de protestarem, ocuparem o espaço público e cobrarem os seus direitos. Se querem a escola desocupada, cumpram a pauta de exigência apresentada pelos estudantes. Isso é o mínimo que o Estado tem que fazer. Não adianta pressionar os estudantes a desocuparem a escola. Nós, pais, estamos com eles nesta luta e se necessário for, também nos juntaremos a nossos filhos e engrossaremos a ocupação sim, pelo direito de ter os nossos direitos respeitados.
Certos de que as exigências dos alunos serão cumpridas,

Diacisio Ribeiro Leite, Brasileiro, cidadão e eleitor do estado da Bahia.

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