CARTA DE UM PAI DE ESTUDANTE AO
GOVERNADOR E AO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA
Sr. Rui Costa, governador do Estado da
Bahia,
Sr. Walter Pinheiro, Secretário de
Educação do Estado da Bahia
Escrevo-lhes na qualidade de pai de alunos
de uma escola da rede estadual de educação na cidade de Vitoria da conquista. Tenho
dois filhos estudando em uma escola pública do estado. A propósito, os seus
estudam em escolas públicas? Bom, isso não vem ao caso, né?
A escola em que meus filhos estudam trata-se
de um centro de educação profissionalizante. Uma escola técnica, pequena.
Provavelmente vocês não á conhecem, pois não é uma daquelas escolas escolhidas
pelo Governo do Estado como vitrine para fazer a propaganda da educação no
estado.
Pois é. Esta escola é o Centro
Estadual de Educação Profissionalizante em Saúde Adélia Teixeira e está ocupada
pelos estudantes desde segunda-feira feira 08/08/2016. Sabem porquê? Porque ela
não tem condições de continuar funcionando. Por razões elementares: Faltam
professores para orientar estágio, já que os aprovados no REDA não foram
nomeados pela Secretaria de Educação até agora; Falta de água. Em função do
rodizio no abastecimento de água na cidade e devido à insuficiência de
reservatórios, frequentemente a merenda escolar não pode ser preparada, as
aulas são suspensas ou tem seu tempo reduzido pois não tem como uma escola
funcionar sem água; Falta laboratórios. Onde já se viu uma escola que tem
cursos técnicos de enfermagem, segurança do trabalho, análises clinicas,
nutrição... funcionar sem laboratórios? Sinceramente, vocês conseguem imaginar
tal escola?;
Outro problema seríssimo que ocorre
nesta escola refere-se aos direitos trabalhistas dos funcionários
terceirizados. Vocês acham justo um trabalhador empregar sua força de trabalho
o mês inteiro e ao final não ter seus proventos pagos? Isso é um desrespeito
não apenas aos direitos trabalhistas, mas aos direitos humanos, concordam? Mas
isso também acontece nesta escola. Percebem como a lógica da precarização
implantada no setor público em função da terceirização é perversa? Podem até
dizer que a culpa é das empresas terceirizadas. Mas quem as contrata? Não há
termos nestes contratos que exijam que estas empresas cumpram com a legislação
trabalhista? Como se não bastasse ficarem sem receber seus salários, há relato
de casos de funcionários que são ameaçados e coagidos a não pararem de
trabalhar sob pena de serem demitidos por justa causa. Já imaginaram quanto
transtorno na vida destas pessoas?
Esta semana muitos pais de famílias em
Vitoria da Conquista foram privados da presença dos seus filhos em casa. Estes estudantes
estão, não porque querem, tendo que dormir na escola, em condições
inapropriadas, se alimentando com doações feitas por pessoas que se comovem e
apoiam a sua luta. Vejo a atitude daqueles jovens como um grande ato de
bravura. Pena que um estado que gasta milhões em propaganda tentando disseminar
na população o amor pela escola pública, assume uma postura de desamor e descuidado
com a mesma. Quem ama cuida. Logo, se o estado não cuida da escola pública é
porque não a ama. E se não a ama, como pode querer que seus cidadãos a ame?
Portanto, Sr. Governador Rui Costa e
Sr. Secretário de Educação, Walter Pinheiro, como cidadão deste estado e como
pai de estudantes do Centro Estadual de Educação Profissionalizante em Saúde Adélia
Teixeira, na cidade de Vitoria da Conquista, venho exigir respeito aos direitos
dos estudantes, dos trabalhadores terceirizados desta unidade educacional.
Respeitem também o direito de protestarem, ocuparem o espaço público e cobrarem
os seus direitos. Se querem a escola desocupada, cumpram a pauta de exigência apresentada
pelos estudantes. Isso é o mínimo que o Estado tem que fazer. Não adianta
pressionar os estudantes a desocuparem a escola. Nós, pais, estamos com eles
nesta luta e se necessário for, também nos juntaremos a nossos filhos e
engrossaremos a ocupação sim, pelo direito de ter os nossos direitos
respeitados.
Certos de que as exigências dos alunos
serão cumpridas,
Diacisio Ribeiro Leite, Brasileiro,
cidadão e eleitor do estado da Bahia.
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